Por: Letícia Bechara*
As crianças esperam por este dia, assim como esperam pelo Natal, com o objetivo único
de ganhar o presente que pediram. Quanto maiores vão ficando, mais
aumentam as expectativas e frustrações. Muitos pais já sofrem por
antecipação ... será que ele/ela vai gostar ou, pior, não achei o que
ele/ela queria, não consegui comprar! Não deu tempo! O correio não
entregou! Estava muito caro o que pediu!
Pais se
desesperam e se frustram por não poderem realizar todos — repito todos —
os desejos dos filhos. Sentem-se obrigados a fazê-lo, porque todas as
outras crianças irão ganhar o que pediram, menos o seu filho. Já
presencie várias vezes cenas em que não apenas os pais mas avós
e tios se desdobram para satisfazer as vontades das crianças com
presentes sofisticados e caros.
Ainda não vi ninguém se esforçar muito
para passar mais tempo com as crianças, para brincar com elas. Pelo
contrário, querem presenteá-las de forma que os brinquedos possam
diverti-los e não precisem gastar tempo. Quanto mais eletrônico e
independente, melhor.
Se você, pai ou mãe, ainda não comprou
o presente, me permita sugerir um presente muito valioso: seu tempo.
Quanto vale? Quantas horas você se dedica a brincar com seus filhos?
Quantas histórias leem juntos? Quanto tempo jogam bola? Quanto tempo
ouvem as histórias deles?
Eu posso dizer por
experiência: as crianças crescem e o desejo que tínhamos de vê-las mais
independentes se realiza muito rápido. Agora, sou eu que peço para fazer
parte da vida deles, ter um tempinho com eles, já não precisam mais de
mim de verdade e para compartilhar o tempo deles, preciso estar no seu
mundo... e meus filhos têm apenas 13 e 19 anos.
O
Feliz Dia das Crianças não é um bom presente, nem o melhor, nem o mais
caro. O presente é de fato estar presente. Pense nisso: Feliz dia dos
filhos e pais! Acho que seria muito melhor comemorar assim...
* Leticia Bechara, mestre em educação, é coordenadora do Vestibular e Relacionamento da Trevisan Escola de Negócios.
Fonte: Jornal do Brasil