Por
Regis Augusto Domingues
“Eis que a
virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de
Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)”. Evangelho de S. Mateus 1:23
A proximidade do natal é acompanhada de grande euforia.
Luzes, piscas, enfeites, árvores,
Papai Noel, tudo nos envolvendo num clima de festa, compras, troca de
presentes. Muitas vezes o natal é encarado como mais uma comemoração do
calendário, outras vezes como o momento de manifestar um espírito
solidário, um ato de caridade, uma demonstração de afeto. Sem dúvida
essas coisas têm o seu valor e são até importantes numa época tão
conturbada quanto a que vivemos. Sem dúvidas são brisas nesse deserto
árido. Mas quando nos deparamos com os evangelhos, que retratam a vida
de Jesus Cristo, não é possível ficar passível diante do fato que
constitui o verdadeiro significado do natal. O verdadeiro sentido do
natal ofusca todas as festas, luzes, enfeites, caridades, pois ele
anuncia o mais maravilhoso ato de amor: Deus revelando-se na própria
condição humana.
Todos os evangelhos relatam o
acontecimento mais sublime da história humana: o nascimento do Salvador.
A peculiaridade do evangelho de Mateus é que ele faz referência direta
as promessas da vinda de um salvador expressas pelo profeta Isaías. Um
paralelo entre esses dois textos das Sagradas Escrituras é a menção do
Emanuel, o Deus conosco. O peso dessa palavra é que ela não só apresenta
o nascimento do Salvador, como também, esclarece que o Salvador é o
próprio Deus. Jesus é o Deus-filho, que veio ao mundo em forma humana,
deixou sua condição de glória para, como perfeito homem e perfeito Deus,
pagar o preço de morrer no lugar de cada um de nós para, assim, nos
reconciliar com Deus. Essa foi a grande promessa de Deus em todo o Velho
Testamento e cumprida em Jesus.
A nossa condição era de pecado, ou
seja, de completo afastamento de Deus, de caminhada para a destruição,
de completa enfermidade moral e espiritual, sem qualquer possibilidade
de recuperação por conta própria. Sem temor de ser estigmatizado como
antiquado ou conservador entendo, como grande parte de nossos ancestrais
no Cristianismo, que Deus num ato e demonstração de amor (Rm 5:8)
enviou seu Filho, Jesus, que prontamente se ofereceu para morrer em
nosso lugar. Nos justificando, ou seja, aplacando a ira divina ao
derramar de seu próprio sangue na cruz. Como escreve o profeta Isaías:
“Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores
levou sobre si...ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído
pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados....justificará a muitos,
porque as iniqüidades deles levará sobre si...porquanto derramou a sua
alma na morte; foi contado com os transgressores, contudo, levou sobre
si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu” (Is 53). Jesus
morreu a morte que nós merecíamos, mas a grande notícia não termina aí,
pois Ele também venceu o poder da morte e do pecado que nos aprisionava,
ressuscitando, nos estendendo a vida eterna, reafirmando a promessa que
um dia voltará para a redenção completa da criação.
Que no natal possamos celebrar com
grande alegria a promessa do Emanuel, o Deus-filho conosco, Jesus
Cristo, e rememorar toda a sua obra de salvação, que recebemos como
favor imerecido. Que nesses momentos de festa os nossos pensamentos
dirijam-se para a obra de redenção (resgate do pecador) e de
reconciliação com Deus realizada por Jesus e festejemos a Ele com
sincera adoração. Esse é um convite para celebrarmos juntos o verdadeiro
sentido do Natal.
Soli Deo Gloria.